Os sentidos do Mercado
Foto - Carlos Silvestre |
Edilane Pereira
Localizado no Centro de Fortaleza, entre
duas das avenidas mais movimentadas da cidade, está ele, o gigante Mercado
São Sebastião. Frutas, legumes, artigos
religiosos, isso é só um pouco do que oferece o mercado, o local é um ponto de referência
histórica e cultural da cidade, e traz consigo
a participação no desenvolvimento de Fortaleza.
Fotos: André Silvestre |
Por
volta de 1960, o São Sebastião situava-se na Avenida Duque de Caxias.
Posteriormente, em 1997, o Mercado foi transferido para a atual localização, na
Rua General Clarindo de Queiroz, 1745 próximo, à Avenida Bezerra de Menezes.
O mercado do cotidiano
A
correria do dia a dia, e a constante presença de tecnologia na vida das
pessoas, parecem se perder no meio do barulho da multidão que enche o mercado.
Lá
dentro, facilmente esquecemos as horas. A variedade dos produtos e a simpatia
dos vendedores somada à imensidão de cores, sabores, aromas e texturas do
mercado encantam e aguçam a percepção dos sentidos.
Lá dentro, facilmente esquecemos as horas. A variedade dos produtos e a simpatia dos vendedores somada à imensidão de cores, sabores, aromas e texturas do mercado encantam e aguçam a percepção dos sentidos.
São
caminhões chegando cheios de frutas, pessoas separando a mercadoria e guardando
tudo nas bancas, mas o movimento não é só dos carregadores não, nesse horário
também chegam os compradores, é o caso de Manoel Duarte, 52, comerciante.
Segundo ele, “Nesse horário as frutas e
verduras são as melhores por que estão fresquinhas, assim como os pescados”.
Foto - mercadosaosebastiao.com
Quem
anda pelo mercado
O
Mercado é dividido em setores e
galpões. Neles se encontram frutas, legumes, comidas regionais, ervas
medicinais, peixes, carnes, artesanatos, utensílios domésticos, artigos para
festas de aniversário entre muitas outras coisas.
Segundo
o Sindicato do Comércio Varejista de Frutas e Verduras de Fortaleza o (Sincofrutas),
que desde 97, administra o mercado, passam por lá em média 6 mil pessoas em
dias de maior movimento.
Entre
esses visitantes está o público mais variado possível, são comerciantes em
busca de produtos mais baratos, donas de casa fazendo a “feira”, turistas e
pessoas que vem com a família para simplesmente passear pelos corredores
coloridos e abastecidos do Sebastião.
Primeiras impressões
Para
a estudante de enfermagem Lêda Barroso, 32, que estava vindo pela primeira vez
ao mercado, o espaço pareceu muito “aconchegante e tranquilo”.
Foto - André Silvestre
A jovem, que
estava acompanhada do marido Rafael Barroso, e do filho de cinco anos conta que
nunca tinha vindo ao mercado, mesmo sendo cearense e passando por ele todos os
dias no caminho para o trabalho. “O corre-corre do
cotidiano nunca tinha me deixado vir, mas hoje eu vim conhecer e apresentar
para o meu filho, é muito importante mostrar as crianças a riqueza cultural que
a cidade tem e eu acho que o São Sebastião ilustra bem isso de ser cearense.” O marido de Lêda que já trabalhou próximo ao mercado lamentou apenas a
falta de conservação no entorno do espaço. “Infelizmente, assim que chegamos
vimos uma praça mal cuidada, e muitos menores usando drogas ao redor do local,
fora isso esse mercado tem um visual maravilhoso.” Afirma.
Mulher macho? Não Senhor !
Entre
os gritos masculinos e toda a rudeza do trato com as carnes, as mãos delicadas
vão com muita velocidade e destreza desfazendo a panelada em pedaços. Muito
calada, e instrospecta Joana, 28, formada em administração, vai aos poucos
contando os motivos que a levaram ao Sebastião.
Fotos - André Silvestre
“Meu
pai sofreu um acidente, e há três anos tive que vir assumir o lugar dele aqui.”
Conta. Ela
para a entrevista para dar orientações ao funcionário e volta a responder os
questionamentos em poucos instantes, sem nem ao menos perder a linha de
raciocínio anterior.
“Você
sabe que eu sou tenho nível superior né? Mas não penso em sair daqui não, vou
dar continuidade ao trabalho do meu pai, que há mais de vinte anos está aqui, e
vou passar para os meus filhos.” Afirma ela com orgulho.
Joana
é uma das poucas mulheres que enfrentam a rotina do 1° piso do São Sebastião, o
piso das carnes e peixes, dominado quase que exclusivamente por homens. Ela
mescla a simplicidade do contato manual com a carne com a teoria aprendida nos
bancos da academia.
“Eu
amo as duas coisas, mas tendo que escolher fico aqui e levo o trabalho da minha
família para frente.” Explica.
O
som que toca no mercado
Olhar
o mercado do segundo piso é ver muito. É ver além dos prédios ao redor, e dos
pombos que permeiam a vista do céu do Sebastião. Olhando para baixo, vemos o
movimento de pessoas indo e vindo, ouvimos os gritos dos mercadores em busca de
clientes e a devoção de quem para e só por um instante eleva uma prece ao santo
que dá nome ao local.
Foto - André Silvestre
Foto - André Silvestre
E
no meio de tanta gente barulhenta o mercado vai se enchendo aos poucos do som
no mínimo “clássico” do peruano Juan. Ele comercializa música de raiz, jovem e
velha guarda, e vai embalando o ritmo lento e apreciativo dos que oram, e o
fugaz tempo que corre para os que carregam mercadoria, e andam pelo gigante do
Centro de Fortaleza.
Foto - André Silvestre
Quase sem dificuldades
com o “portunhol”, ele fala que vende só música de qualidade, e que
agrade a todo mundo que passeia por ali.
Seu Mário é pedinte do Mercado São Sebastião
há mais de 20 anos. Desde a inauguração do modelo atual em 1997. Ele fica na
praça sentado em frente a um ponto comercial, bem em baixo da passarela
principal do mercado. Seu Mário conta que às vezes a sua esposa vai deixá-lo,
mas também há situações em que ele precisa ir sozinho.
Foto - André Silvestre
O
pedinte nos conta que, apesar da deficiência visual, não é difícil chegar ao mercado.
Ele sente a quase centenária praça comercial do fortalezense, apenas pela
calçada, através do meio-fio. “Vocês vê com os olhos e nós vê com a mente.
Quando eu chego aqui no mercado, eu vou logo tocando no meio fio, sentindo o
movimento, muitas pessoas falando, o barulho do mercado, num sabe? Relata.
Seu
Mário diz que a maior dificuldade dele é a sinalização específica para cegos,
que no mercado São Sebastião não existe. Um dos maiores desafios para o
deficiente visual é a falta do piso tátil. Apesar de muito tempo andando pelo
mercado, não é fácil enfrentar as irregularidades.
Mas
mesmo com essas dificuldades, o idoso
diz estar num momento feliz. Ele já não consegue mais viver sem os
desejos de bom dia das pessoas que transitam no mercado. O movimento, o toque
na calçada da praça, as paredes do ponto em que ele fica sentado esperando a
ajuda a qual agradece dizendo repetidamente: “Deus lhe abençoe, Deus lhe dê
muita saúde”.
Seu
Mário não enxerga, mas percebe e sente o que muita gente, que tem uma vista
clara, não consegue. Uma delas é se aprofundar no que o mercado proporciona
através apenas do toque.
Um olhar e mil histórias
Hadassa Cavalcante
Foto - André Silvestre
“No início, nada disso aqui existia. Esse lugar era uma praça chamada Paulo Pessoa e tinha um mercado, o mercado velho, que ficava ali onde agora é o estacionamento. O mercado São Sebastião como ele é hoje, tem uns 16 anos, mas já faz 44 que trabalho aqui, desde os tempos do mercado Paulo Pessoa.” Relata seu Toim.
O comerciante de 52 anos, chegou
ao Mercado aos nove anos. Sua banca de
ervas medicinais é herança do pai, um farmacêutico vindo de Crateús. O
comerciante aprendeu o ofício de “médico do povo” muito cedo, mas antes
“pastorava” os carros da rua e com isso ganhava uns trocados.
“Um dia meu pai descobriu o
que eu fazia na rua e me deixou de castigo num cantinho, disse que não era pra
eu trabalhar. Foi um amigo dele que gostava muito de mim que pediu pra ele me
liberar, ele me soltou e disse: Quer trabalhar? Ande na linha que você chega lá.
E até hoje estou aqui.” Relembra o idoso.
É em meio a ervas medicinais, caixas, frascos
e receitas que seu Toim ganha a vida, ensinando não somente dietas para curar o
corpo, mas também as doenças da alma. Tristeza, raiva, alegria, solidão, tudo
isso tem remédio, segundo ele, que apesar de não ter formação, nem diploma em
medicina, sabe como ninguém as causas das doenças e o tratamento natural para
elas. Ele mesmo prepara as misturas que vende e conhece exatamente cada uma
delas, por exemplo, a FREBI, uma mistura para fígado, rins, estômago e bom
intestino que custa por volta de R$ 10 e
que tem muita saída. “Tenho clientes muito antigos, do tempo de papai, alguns
até já morreram. Os outros que estão por aqui são clientes fiéis.” Afirma ele.
Os filhos de seu Toim não
quiseram seguir a carreira do pai, trilharam outros caminhos, o que faz o
orgulho do comerciante que confessa não ter obrigado nenhum deles a seguir seu
ofício. “Eles são felizes no que fazem, e isso é o que importa”. Seu Toim é um
dos muitos exemplos de guerreiros e guerreiras que ultrapassam as dificuldades
e não esperam o sol nascer para batalhar pelo pão de cada dia. Entrar no
mercado São Sebastião é adentrar em um mundo de histórias de vida, um mundo de
lutas e conquistas diárias. Quem anda por seus corredores é abordado pela
simpatia dos comerciantes, que atentos, não deixam a freguesia passar
despercebida, sendo quase impossível sair de lá com as mãos e a mente vazias.
Os sabores e aromas ganham destaque num dos
maiores mercados de Fortaleza, o Mercado São Sebastião. Não chega a ser como o
gigante mercado Ver o Peso, maior mercado ao ar livre da América Latina, localizado
no Pará. Porém, suas bancadas coloridas ganham destaque a cada metro
quadrado percorrido pelos seus passantes.
Extensas galerias multicoloridas e pessoas
dando voltas como formigas de roça.
Escadas, paredes e chão. Algumas pessoas
escolhem subir para o segundo piso, enquanto outras adentram ainda mais às
entranhas do encantado.
Olham-se e olham tudo. Desembocam no
subterrâneo onde existem inúmeras bancadas enfeitadas com formas de todas as
cores – desde o vermelho doce da arredondada melancia até o amarelo ouro da
banana, cores embaladas ao som de passos e pássaros, vozes, do tipo grito e
cochicho, quase uma procissão.
O segundo piso destaca-se pelo verde-ervas o
marrom-seca do nordeste, todo “amostrado” que nem cearense e o mel de abelha,
tudo misturado, meio baião de dois ou três, em cores, cheiros e sabores.
É possível também encontrar figuras simples e
dotadas de grande sabedoria popular. Seu Toim, 52, é umas dessas pessoas.
Parece que nasceu ali. Passa o dia atendendo sua fiel clientela e diz: “É assim
desde meus tempos de menino”.
O Seu Toim de início um pouco tímido, aos
poucos se mostra como verdadeiramente é. Doutor em nada e em tudo ao mesmo
tempo. Seu Toim sabe de tudo e entende e explica:
- Vocês querem saber a historia do
Mercado? – “Aquela dona. ali sabe, mas tem preguiça de falar. Ela é tão
antiga quanto eu”. O comerciante, já do lado de dentro do quiosque, nos
mostra todos os tipos de ervas e garrafadas, que segundo ele, curam desde o
corpo até a alma.
Depois de falar detalhadamente sobre cada uma
de suas “mágicas” garrafas, nos faz entrar no pequeno espaço e olhar de perto
cada uma daquelas exóticas raízes.
Olhar do repórter
Quando acabamos nossa visita era notório o ar
de satisfação, e foi assim, nesse clima, que deixamos o “novo-velho” Mercado.
Milhões de histórias fazem barulhos, se
misturam e se complementam. Ganhamos a confiança de outros personagens. Assim
que eles descobriram que nossos motivos não eram uma simples curiosidade,
estórias e histórias foram surgindo como a de seu Toim, seu Francisco e seu
Abacate – semelhantes e diferentes, todas sedentas de ouvidos para serem
contadas - Quem visitar o Mercado São Sebastião, pode conhecer um pouco mais
desse ponto turístico e tirar suas próprias impressões.
Seu Toim "o médico do mercado" -Foto - André Silvestre
Seu Toim transmite sabedoria -Foto - André Silvestre
Foto - mercadosaosebastiao.com |
Quem anda pelo mercado
O Mercado é dividido em setores e galpões. Neles se encontram frutas, legumes, comidas regionais, ervas medicinais, peixes, carnes, artesanatos, utensílios domésticos, artigos para festas de aniversário entre muitas outras coisas.
Entre
esses visitantes está o público mais variado possível, são comerciantes em
busca de produtos mais baratos, donas de casa fazendo a “feira”, turistas e
pessoas que vem com a família para simplesmente passear pelos corredores
coloridos e abastecidos do Sebastião.
Primeiras impressões
Foto - André Silvestre |
A jovem, que estava acompanhada do marido Rafael Barroso, e do filho de cinco anos conta que nunca tinha vindo ao mercado, mesmo sendo cearense e passando por ele todos os dias no caminho para o trabalho. “O corre-corre do cotidiano nunca tinha me deixado vir, mas hoje eu vim conhecer e apresentar para o meu filho, é muito importante mostrar as crianças a riqueza cultural que a cidade tem e eu acho que o São Sebastião ilustra bem isso de ser cearense.” O marido de Lêda que já trabalhou próximo ao mercado lamentou apenas a falta de conservação no entorno do espaço. “Infelizmente, assim que chegamos vimos uma praça mal cuidada, e muitos menores usando drogas ao redor do local, fora isso esse mercado tem um visual maravilhoso.” Afirma.
Fotos - André Silvestre |
O som que toca no mercado
Olhar o mercado do segundo piso é ver muito. É ver além dos prédios ao redor, e dos pombos que permeiam a vista do céu do Sebastião. Olhando para baixo, vemos o movimento de pessoas indo e vindo, ouvimos os gritos dos mercadores em busca de clientes e a devoção de quem para e só por um instante eleva uma prece ao santo que dá nome ao local.
Foto - André Silvestre |
Foto - André Silvestre |
E no meio de tanta gente barulhenta o mercado vai se enchendo aos poucos do som no mínimo “clássico” do peruano Juan. Ele comercializa música de raiz, jovem e velha guarda, e vai embalando o ritmo lento e apreciativo dos que oram, e o fugaz tempo que corre para os que carregam mercadoria, e andam pelo gigante do Centro de Fortaleza.
Foto - André Silvestre
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Quase sem dificuldades
com o “portunhol”, ele fala que vende só música de qualidade, e que
agrade a todo mundo que passeia por ali.
Quase sem dificuldades
com o “portunhol”, ele fala que vende só música de qualidade, e que
agrade a todo mundo que passeia por ali.
Quase sem dificuldades com o “portunhol”, ele fala que vende só música de qualidade, e que agrade a todo mundo que passeia por ali.
Seu Mário é pedinte do Mercado São Sebastião há mais de 20 anos. Desde a inauguração do modelo atual em 1997. Ele fica na praça sentado em frente a um ponto comercial, bem em baixo da passarela principal do mercado. Seu Mário conta que às vezes a sua esposa vai deixá-lo, mas também há situações em que ele precisa ir sozinho.
Foto - André Silvestre |
Hadassa Cavalcante
Foto - André Silvestre |
“No início, nada disso aqui existia. Esse lugar era uma praça chamada Paulo Pessoa e tinha um mercado, o mercado velho, que ficava ali onde agora é o estacionamento. O mercado São Sebastião como ele é hoje, tem uns 16 anos, mas já faz 44 que trabalho aqui, desde os tempos do mercado Paulo Pessoa.” Relata seu Toim.
O comerciante de 52 anos, chegou ao Mercado aos nove anos. Sua banca de ervas medicinais é herança do pai, um farmacêutico vindo de Crateús. O comerciante aprendeu o ofício de “médico do povo” muito cedo, mas antes “pastorava” os carros da rua e com isso ganhava uns trocados.
É em meio a ervas medicinais, caixas, frascos e receitas que seu Toim ganha a vida, ensinando não somente dietas para curar o corpo, mas também as doenças da alma. Tristeza, raiva, alegria, solidão, tudo isso tem remédio, segundo ele, que apesar de não ter formação, nem diploma em medicina, sabe como ninguém as causas das doenças e o tratamento natural para elas. Ele mesmo prepara as misturas que vende e conhece exatamente cada uma delas, por exemplo, a FREBI, uma mistura para fígado, rins, estômago e bom intestino que custa por volta de R$ 10 e que tem muita saída. “Tenho clientes muito antigos, do tempo de papai, alguns até já morreram. Os outros que estão por aqui são clientes fiéis.” Afirma ele.
Os filhos de seu Toim não quiseram seguir a carreira do pai, trilharam outros caminhos, o que faz o orgulho do comerciante que confessa não ter obrigado nenhum deles a seguir seu ofício. “Eles são felizes no que fazem, e isso é o que importa”. Seu Toim é um dos muitos exemplos de guerreiros e guerreiras que ultrapassam as dificuldades e não esperam o sol nascer para batalhar pelo pão de cada dia. Entrar no mercado São Sebastião é adentrar em um mundo de histórias de vida, um mundo de lutas e conquistas diárias. Quem anda por seus corredores é abordado pela simpatia dos comerciantes, que atentos, não deixam a freguesia passar despercebida, sendo quase impossível sair de lá com as mãos e a mente vazias.
Os sabores e aromas ganham destaque num dos
maiores mercados de Fortaleza, o Mercado São Sebastião. Não chega a ser como o
gigante mercado Ver o Peso, maior mercado ao ar livre da América Latina, localizado
no Pará. Porém, suas bancadas coloridas ganham destaque a cada metro
quadrado percorrido pelos seus passantes.
Extensas galerias multicoloridas e pessoas
dando voltas como formigas de roça.
Escadas, paredes e chão. Algumas pessoas
escolhem subir para o segundo piso, enquanto outras adentram ainda mais às
entranhas do encantado.
Olham-se e olham tudo. Desembocam no
subterrâneo onde existem inúmeras bancadas enfeitadas com formas de todas as
cores – desde o vermelho doce da arredondada melancia até o amarelo ouro da
banana, cores embaladas ao som de passos e pássaros, vozes, do tipo grito e
cochicho, quase uma procissão.
O segundo piso destaca-se pelo verde-ervas o
marrom-seca do nordeste, todo “amostrado” que nem cearense e o mel de abelha,
tudo misturado, meio baião de dois ou três, em cores, cheiros e sabores.
É possível também encontrar figuras simples e
dotadas de grande sabedoria popular. Seu Toim, 52, é umas dessas pessoas.
Parece que nasceu ali. Passa o dia atendendo sua fiel clientela e diz: “É assim
desde meus tempos de menino”.
O Seu Toim de início um pouco tímido, aos
poucos se mostra como verdadeiramente é. Doutor em nada e em tudo ao mesmo
tempo. Seu Toim sabe de tudo e entende e explica:
- Vocês querem saber a historia do
Mercado? – “Aquela dona. ali sabe, mas tem preguiça de falar. Ela é tão
antiga quanto eu”. O comerciante, já do lado de dentro do quiosque, nos
mostra todos os tipos de ervas e garrafadas, que segundo ele, curam desde o
corpo até a alma.
Depois de falar detalhadamente sobre cada uma
de suas “mágicas” garrafas, nos faz entrar no pequeno espaço e olhar de perto
cada uma daquelas exóticas raízes.
Olhar do repórter
Quando acabamos nossa visita era notório o ar
de satisfação, e foi assim, nesse clima, que deixamos o “novo-velho” Mercado.
Milhões de histórias fazem barulhos, se
misturam e se complementam. Ganhamos a confiança de outros personagens. Assim
que eles descobriram que nossos motivos não eram uma simples curiosidade,
estórias e histórias foram surgindo como a de seu Toim, seu Francisco e seu
Abacate – semelhantes e diferentes, todas sedentas de ouvidos para serem
contadas - Quem visitar o Mercado São Sebastião, pode conhecer um pouco mais
desse ponto turístico e tirar suas próprias impressões.
Seu Toim "o médico do mercado" -Foto - André Silvestre |
Seu Toim transmite sabedoria -Foto - André Silvestre |
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