Panorama: Um mercado de histórias de vida.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Um mercado de histórias de vida.


Mercado São Sebastião. Foto: Sinthya Lima

Um lugar de produtos diversificados, comidas regionais, artesanatos que atraem gente de diversas partes do mundo. O Mercado São Sebastião tem tudo isso, além de muitas histórias de quem passou boa parte da vida nele. Senhor Valderi Rodrigues tem 70 anos e trabalha no mercado há 55. Ele vende carnes e o amor pelo que faz somado a dedicação, segundo ele, é a sua maior motivação, “Pra mim isso daqui é um templo sagrado, muitas famílias tiram seu sustento desse lugar. Alguns reclamam, mas isso daqui é um lugar abençoado” disse. 
Açougueiro, Valderi Rodrigues
Foto: Sinthya Lima
O açougueiro fornece carnes para alguns restaurantes de Fortaleza, sofre de uma isquemia nas duas pernas, (uma anemia local, caracterizada por uma interrupção do trânsito sanguíneo numa determinada artéria) resultado de um acidente de carro ocorrido há 29 anos, no entanto isso não interfere no seu bom humor, mesmo trabalhando sozinho, sua alegria é perceptível logo a primeira vista.  Sempre sorridente, ele se mostra otimista com as vendas, apesar da concorrência, “aqui tem muita gente vendendo o mesmo que eu, mas as vendas são boas. Por mês chego a vender 600 kg, ganho por volta de R$ 4.000”, comemora. 

Localizado no centro, o local é conhecido pelo seu universo de variedades, para se ter ideia, possui em torno de 450 boxes e 29 lanchonetes para matar a fome de quem passa por lá e ainda tem mais: a gastronomia da terra da luz se faz presente para agradar aos paladares. O mercado conta ainda alguns parágrafos da história do desenvolvimento da capital cearense.
Nos anos de 1960, o mercado era situado na Avenida Duque de Caxias. Posteriormente, em 1997, foi transferido para a atual localização, na Rua General Clarindo de Queiroz próximo à Avenida Bezerra de Menezes. O centro comercial funciona de segunda a sábado, de 5h às 17h e domingo, de 5h às 12h.
A variedade é impressionante e dá um toque a mais no local, por lá é possível encontrar de tudo um
Alexandre Rodrigues
               Foto: Sinthya Lima
pouco, desde artesanatos, comidas típicas, ervas, bijuterias, frios, frutas, verduras, raízes, roupas masculinas, femininas e infantis e até mesmo ferragens. Alexandre Rodrigues de 23 anos é vendedor de um dos mais inusitados produtos do comércio, as ferragens em geral. Quanto ao faturamento nesse período do ano ele lamenta, “O melhor período para vender é dezembro e janeiro por causa dos turistas, até na segunda- feira, o pior dia, chegamos a arrecadar R$ 2.000 reais e no domingo, o melhor dia, as vendas duplicam, chegando a lucrar R$ 4.000 reais. Atualmente, período de baixa estação, o faturamento é de R$ 800 diários”, conclui o jovem vendedor que chega no box às seis horas da manhã e volta para casa cinco da tarde.

Hosana Costa. Foto:
Sinthya Lima
O sustento da família Costa é proveniente do mercado há 14 anos e já virou tradição. Tudo começou com Dona Hosana Costa de 56 anos, ela diz fazer a melhor buchada do lugar, mas não conta qual o seu segredo que está guardado a sete chaves, “Não posso revelar como preparo, mas faço tudo com carinho, gosto do que faço”, dispara. Atualmente ela trabalha com o marido, além da cunhada e da sobrinha que já aprenderam os ensinamentos da anfitriã. E pelo visto, o pequeno negócio vai passando de geração em geração, um dos filhos do casal, Rodrigo tem 27 anos e já está seguindo os passos da mãe e abriu sua própria lanchonete. 
As comidas regionais são atrativos a mais para quem procura uma gastronomia diferente na cidade. Além da buchada pode-se degustar ainda, panelada, galinha caipira, tapioca e carneiro com cuscuz... hummm! Essas delícias que só são encontradas neste lugar no cantinho do mapa do Ceará.
A partir de reivindicações de permissionários do equipamento, a Prefeitura de Fortaleza em parceria com a Secretaria de Pesca e Aquicultura do Ceará (SPA), tem um projeto de transformar o local em um pólo gastronômico, atrelando ao espaço uma agenda cultural da capital.


Por: Deborah Borges, Rayane Moreira e Sinthya Lima

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